terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A rua

Queria ter uma rua.

Uma que fosse escura e fria, sempre.
E que nela habitassem ratos. Sim.
Que lá houvessem vagabundos e gente indecente.
Queria que nela houvessem putas, pegas, rameiras.
Espancadas e brutalizadas no seu trabalho,
Apunhaladas por não saberem chupar um caralho,
Estendidas e arremessadas pelos cabelos
Às mãos de camelos que perderam as estribeiras.
Ao mesmo tempo, outra confusão. Sim.
E outra, agora! Assim, o quadro melhora.
Quero sangue. Sangue de vários, sangue de muitos!
Machadadas e facadas de carrascos fortuitos,
Vísceras expostas e órgãos coleccionados
Símbolos demoníacos e ritos macabros.
Quero assistir a tudo, em primeira pessoa
E talvez disparar sem apontar, à toa.
Com um copo de vinho e um cigarro na mão,
Rir.
Lamber os lábios quando corpo cair, inerte, no chão;
Inerte, ou a estrebuchar,
Morto ou ainda a arfar.
Mas quente, isso sim!
Para que se consuma lenta e vagarosamente
Nessa dança deturpada de morte
E perante toda a gente
O calor que significava a vida
E agora...Bem, a pouca sorte!

Não me cabe no peito tanto sentimento.
Loucura senil e sadista, mas pura.
Prazer orgasmico e insano, negro.
Um analgésico, mas dos que cura.
Estou tentado, descontrolado,
Declaro-me já culpado:
De sair à rua, por um bocado,
Violar e degolar uma fêmea inocente,
Voltar com um ventre rasgado
E nele acabar vorazmente
A comer,
Só por prazer,
Um feto, ainda mal-formado.

Insanus Sadistis

2 comentários:

  1. heteronimicamente António Nogueira não faria melhor..

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  2. Agradecemos a desbastadela. Bem-vindo(a) ao clube. Ehr... Ainda de uma maneira um tanto inespecífica.

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Desbasta! Exorciza essa tua "mind-created" pseudo desbastadela cá para fora. Nem que seja por uma vez na vida, sê livre.